Professor faz greve de fome contra fechamento de escola

Insatisfeito com o fechamento da Escola de Desenvolvimento Integral da Educação Básica (Edieb) Licínio Monteiro da Silva, em Várzea Grande, o diretor José Cícero da Mota está em greve de fome desde esta terça-feira (21). A unidade existe há 48 anos e passou por duas mudanças em menos de um ano, que é de grande prejuízo para a comunidade, na avaliação do profissional.
José Cícero, que é professor de história efetivo do Estado, conta que a decisão pela municipalização da escola já veio posta da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), sem qualquer consulta ao público ou professores. Com a decisão, a unidade passa a receber apenas alunos do ensino fundamental.

“Demos o sangue para criar uma escola do zero e agora anunciam que vão mudar tudo, sem qualquer consulta. Meu protesto não é contra a decisão, que já está definida e nós apenas fomos informados. É contra essa falta de planejamento na mudança, que durou só nove meses. Não formou nenhuma turma. Um trabalho para criar a escola e outro para fechar”, destaca o diretor.
Fundada em 1973, a escola é uma das mais antigas de Várzea Grande. Desde a sua fundação até 2008 ela funcionou com ensino regular de 1° e 2° graus. Contudo, de 2008 até 2020 passou a atender somente jovens e adultos a partir do 6º ano.
Esse método agrega estudantes com mais de 2 anos de atraso escolar e que já não são matriculados nas turmas regulares. Além disso, também tinha turma específica para estrangeiros, principalmente de venezuelanos e haitianos.

A escola é referência no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) pela qualidade e também por estar em área central. Muitos dos estudantes já saíam do trabalho na região e seguiam para a escola.

Com a municipalização da escola, agora ela irá atender apenas ensino fundamental. Até o 5° ano. Os jovens e adultos serão remanejados para unidades de bairro, que nem sempre formam turmas para esse público. O que pode dificultar o acesso à educação para essas pessoas.

Os professores também serão remanejados para outras unidades escolares.

“Meu protesto é individual. Logo essa placa com o nome da Licínio Monteiro da Silva vai sair dali e vão colocar o nome de outra. É uma parte da história de Várzea Grande que está sendo apagada”, desabafa.

A decisão do fechamento ainda não foi informada oficialmente à comunidade escolar. Uma reunião está marcada para a manhã de quinta-feira (23). Porém, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep) e estudantes já realizaram passeata contra a mudança.

O secretário de Estado de Educação, Alan Porto, foi convocado a dar explicações na Assembleia Legislativa (ALMT), mas encaminhou representantes para justificar o fechamento da Licínio Monteiro e outras 3 escolas.

A unidade está prestes a completar 5 décadas de funcionamento, tem 17 salas de aula, 1638 alunos e 106 funcionários.
Outro lado
A Seduc foi questionada sobre o fechamento e não encaminhou resposta.

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